quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Crianças irritam Serra: "Lula, Lula"



Serra e Alckmin visitam colégio em Heliópolis, na capital paulista, mas esbarram na sinceridade das criancinhas. O professor ainda dá um pito, mas o vexame já havia se consumado. O demotucano ainda vai cortar o pulso!

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Vídeo homenageia encontro de blogueiros



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Movimento Salve a TV Cultura

Reproduzo importante conclamação do jornalista Luis Nassif, publicado em seu blog:

Não tenho por hábito estimular movimentos de mobilização pela Internet. Mas esse caso da TV Cultura não pode ficar assim.

Não é possível que o trabalho de gerações de paulistas, que a tradição criada por Roberto Muylaert seja destruída pela postura imperial de um presidente indicado pelo governo do Estado. Não se pode deixar João Sayad promover esse desmonte.

Montou-se um Conselho supostamente representativo da sociedade civil paulista, mas que só tem servido para sancionar decisões que partem do governo do Estado.

Nos últimos anos, a TV Cultura foi uma caixa preta. Apesar de indícios veementes de irregularidades, o conselho passou ao largo da gestão Marcos Mendonça. A blindagem proporcionada pela mídia a todos os atos de governo garantiu esse silêncio atroz, um pacto de cumplicidade naquele que deveria ser o Estado por excelência da afirmação da sociedade civil.

Há diversas funções das mais relevantes a serem cumpridas pela TV Cultura. Há uma cultura paulista espalhada por todo o Estado à espera de divulgação, há novas gerações de músicos aguardando espaço, há uma discussão ampla sobre os rumos do estado e do país. Como emissora pública, a TV Cultura teria espaço para prestar serviços a órgãos públicos – como já faz -, tem facilidade para captar recursos pela Lei Rouanet. Poderia se montar um trabalho amplo de mobilização junto às empresas paulistas.

Poderia ser o veículo por excelência das Secretarias da Educação, da Cultura, da Gestão. Mas nas vezes em que se ensaiou essa parceria, foi apenas para validar negócios de ONGs controladas por aliados políticos.

Todo esse potencial é deixado de lado pela postura fácil do desmonte.

Fica aqui a sugestão para a criação de um Movimento Salve a TV Cultura. O Blog ficará à disposição dos que tiverem propostas, ideias e mobilização para essa empreitada que é questão de honra para São Paulo.

Coloque no seu Twitter o hashtag #salveaTVCultura

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Tucanos querem destruir a TV Cultura

Por Altamiro Borges

Atento observador dos bastidores da mídia, o jornalista Daniel Castrou informou hoje (dia 4), no seu blog no Portal R-7, que a TV Cultura pretende demitir 1.400 funcionários e cortar vários dos seus programas. Esta notícia bombástica confirma que o tucanato quer destruir uma das melhores experiências de TV pública do país, reconhecida mundialmente por seus programas educativos e culturais de qualidade. Desta forma, os serviçais de José Serra prestam mais um serviço sujo para as redes privadas de televisão e “pagam” por seu apoio escancarado ao candidato demotucano.

Segundo a denúncia, “com o aval do ex-governador José Serra e do atual governador, Alberto Goldman, João Sayad [que assumiu a presidência da TV Cultura em junho passado] pretende reduzir ao máximo a produção de programas e cortar o número de funcionários em quase 80%, dos atuais 1.800 para 400. Ele pensa até em vender o patrimônio da TV Cultura. Já encomendou aos advogados da emissora um estudo sobre a viabilidade de a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV, se desfazer de seus estúdios e edifícios na Água Branca, em São Paulo”.

Processo mascarado de privatização

A grave denúncia, que não foi desmentida pela direção da emissora, confirma as suspeitas do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. A entidade já havia criticado o clima de incerteza e de perseguição que impera na TV Cultura. Na semana passada, ela divulgou nota pública em que denunciava que o governo tucano pretende alterar a função e o papel social da Fundação Padre Anchieta, num processo mascarado de privatização. A “venda” gradual da emissora pública teve início na administração de Geraldo Alckmin e foi aprofundada na gestão de José Serra.

A indicação do economista João Sayad acelerou o processo de mutação da emissora educativa numa emissora com caráter comercial. “No momento em que o Brasil busca construir uma rede pública de comunicação de qualidade, o governo de São Paulo nomeia alguém sem qualquer vínculo com a área, cuja missão parece ser dar nova cara administrativa à Fundação. Há algum tempo, já observamos que a marca de qualidade da programação vem sendo desconstruída, especialmente no jornalismo”, afirma o presidente do sindicato, José Augusto Camargo, o Guto.

Demissões, assédio moral e censura

Guto cita casos recentes para ilustrar essa desconstrução. “O Roda Viva – que era uma referência no debate político em rede nacional – sofreu um grave ataque com a demissão mal explicada do Heródoto Barbeiro. Também não entendemos o afastamento do Gabriel Priolli (ex-diretor de jornalismo da Cultura) e o fato do jornalista Paulo Markun (ex-presidente da Fundação Padre Anchieta) não ter tido apoio do governo para continuar a gestão”, acrescenta. Barbeiro e Priolli foram afastados porque se referiram aos preços abusivos dos pedágios em São Paulo.

A “privatização mascarada” estaria ocorrendo com a transferência da gestão da emissora para as falsas Organizações Sociais (OSs), entidades não governamentais ligadas aos grupos comerciais que recebem do estado para administrar os equipamentos públicos. Além disso, a TV Cultura, a exemplo das emissoras privadas, frauda a legislação trabalhista ao contratar os famosos PJs (pessoas jurídicas), que emitem notas fiscais, não possuem vinculo empregatício e nem direitos. A destruição da TV Cultura apenas confirma os intentos privatistas do demotucano José Serra.

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Qual o rumo das reformas em Cuba?

Reproduzo artigo de Breno Altman, publicado no sítio Opera Mundi:

As medidas anunciadas pelo presidente cubano, em seu discurso de ontem (1/8) diante da Assembléia Nacional do Poder Popular, abrem nova fase na vida do país. Desde sua posse, em 2008, Raúl vinha adotando reformas lentas e graduais, nos marcos do regime socialista. O enunciado de providências mais amplas e detalhadas, porém, parece indicar que esse processo será acelerado.

O núcleo principal do programa apresentado aos deputados é marcado pelo estímulo ao empreendedorismo. Várias atividades comerciais e de serviços, estatizadas desde os anos 60, poderão ser exploradas em caráter privado. O governo já tinha revogado, há alguns meses, o monopólio estatal de cabeleireiros e barbeiros. Dezenas de outros setores deverão ser contemplados pela abertura.

Os dirigentes cubanos rechaçam comparações, mas muitos analistas identificam inspiração das experiências chinesa e, particularmente, vietnamita. O Estado continuará a controlar a maior parte da economia e a regular seu funcionamento, mas novas formas de propriedade serão permitidas e até incentivadas.

Não se trata de uma novidade absoluta. Desde os anos 90, quando a União Soviética desapareceu, o governo cubano adotou legislação para facilitar o investimento internacional, a formação de empresas mistas e até o funcionamento de companhias sob controle estrangeiro. Sem o fluxo de recursos provenientes do antigo campo socialista, a sobrevivência de Cuba passou a depender de seu acesso à poupança externa.

O turismo foi o principal segmento alavancado por essa alteração. Mas a mineração, a biotecnologia e a produção de tabaco e bebidas, entre outros ramos, também puderam se reerguer a partir da associação com o capital além-fronteiras. Depois de ter perdido mais de 30% de seu PIB entre 1990 e 1993, Cuba atravessou os últimos quinze anos com um crescimento médio anual em torno de 5%.

A recuperação econômica permitiu ao país resolver os problemas mais dramáticos de escassez e manter razoavelmente intactos os serviços públicos de educação e saúde, reconhecidos por sua universalidade e qualidade. A vida cotidiana dos cubanos, no entanto, continuou ditada pelo sacrifício pós-soviético: os recursos gerados pela sociedade, em especial as divisas com exportações, pagam as contas da rede social montada pela revolução, mas são insuficientes para a prosperidade dos indivíduos.

Esse cenário conduziu a uma situação de baixa produtividade, salários defasados, informalidade da economia e aumento da corrupção. As relações com Venezuela e Brasil, a partir da conquista de seus governos por partidos de esquerda, ampliaram as oportunidades da ilha caribenha. As enfermidades da economia local, contudo, continuaram praticamente intocadas. O programa reformista de Raúl Castro busca um caminho para enfrentá-las.

Logo que assumiu a presidência convocou a população a discutir nos bairros as deficiências e erros do modelo econômico. Também levantou uma série de proibições, como a de adquirir celulares e eletrodomésticos. Seu feito mais notável, até agora, talvez tenha sido a nova política agrária, permitindo aos camponeses o usufruto das terras, a liberdade comercial e o acesso a equipamentos. A emergência dessa agricultura privada melhorou de forma significativa o abastecimento das cidades.

Aparentemente são dois os objetivos principais de sua estratégia: reduzir fortemente os gastos do Estado e desenvolver um mercado interno através da iniciativa empresarial dos cidadãos. Quase 80% dos cinco milhões de trabalhadores cubanos são servidores públicos. Calcula-se que um milhão não tem função específica ou produtiva. Raúl pretende dispensá-los, oferecendo a contrapartida de emprego em uma empresa autônoma ou de abrir seu próprio negócio.

O enxugamento do Estado, nessa lógica, permitiria a ampliação dos investimentos públicos, hoje consumidos pela própria máquina administrativa. O empreendedorismo impulsionaria tanto o fornecimento de bens e serviços quanto o crescimento do mercado interno e uma maior arrecadação tributária. Medidas mais arrojadas de associação com o capital internacional garantiriam oferta de insumos, além de aumento das exportações e dos investimentos estrangeiros.

Outra questão é o bloqueio imposto pelos Estados Unidos. As reformas buscam atenuar os estragos provocados pelo embargo estabelecido desde 1962. Mas também preparam Cuba para o dia em que findar essa anomalia. Uma economia raquítica e sem perspectiva seria presa fácil dos dólares e valores norte-americanos, com o risco do bloqueio ser trocado por práticas neocoloniais. A revitalização produtiva, aliada à integração com a América Latina, pode vir a ser um escudo indispensável contra esse perigo.

Raúl Castro não parece ver, nessas decisões, contradição de fundo com o socialismo. O presidente dá sinais, cada vez mais claros, de que está convencido da necessidade de modernizar o país para manter os direitos sociais e o próprio sistema. Mesmo reafirmando que a cautela continuará a orientar seu método, lançou um formidável pacote de desafios para a revolução cubana.

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O pretenso poder do chamado quarto poder

Reproduzo artigo do escritor Luís Carlos Lopes, publicado no sítio Carta Maior:

Desde há muito, veio dos EUA, salvo engano, a idéia de que a imprensa seria o quarto poder da República, ao lado do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Os maiores entusiastas deste ponto de vista chegaram a dizer que o quarto poder seria no tempo presente, o maior dos poderes republicanos. Há décadas, a própria imprensa repete, por toda parte, este mesmo conceito. Vários filmes abordaram esta temática acreditando, nem sempre do mesmo modo, neste modo de ver as coisas.

Apesar do inegável poder da imprensa, compará-lo aos demais poderes da República é como achar que a água é a mesma coisa do que o azeite, porque ambos são líquidos. Os governos continuam a governar, a partir da fórmula inventada por Montesquieu na França do século XVIII. Logicamente, que o formalismo do autor iluminista é adaptado às circunstâncias.

Nas repúblicas conhecidas, jamais houve o verdadeiro e ideal equilíbrio entre os três poderes. A tendência foi a de que restasse algo de tirânico e absolutista nas autodenominadas democracias contemporâneas. O epicentro do poder político continuou sendo o executivo. Este, não raro, se sobrepõe sobre aos demais poderes da república. Em várias situações, este fato é, inusitadamente, o que garante algum nível de práticas realmente democráticas, dependendo dos significados verdadeiros acreditados pelos demais poderes. Estes podem ser igualmente tirânicos e tutelarem qualquer possibilidade de convivência democrática.

O Estado contemporâneo de qualquer lugar continua sendo monstruoso, um ogro com mil faces, fruto da complexidade histórica de cada país e dos contextos internacionais onde ele se desenvolve. A imprensa jamais foi uma das faces oficiais do Estado. Entretanto, ela pode representá-lo cabalmente, não somente quando se trata da imprensa oficial. Isto ocorre, quando empresas privadas são aliadas, financiadas e/ou policiadas para agirem de acordo com o que o Estado deseja. Foi assim na época da ditadura militar brasileira, até meados da década de 1980.

No mundo do capital e das democracias formais, a mediação entre o Estado e a imprensa empresarial perpassa a rede de relações políticas e econômicas do governo com os diversos setores das classes empresariais. Inúmeros interesses precisam ser atendidos. Como se vê no Brasil atual, a chamada grande imprensa costuma ser de oposição a tudo que foi e é progressista da era Lula e laudatória ou silenciosa sobre o que o capital local e internacional considera como correto na mesma administração. Vive em paradoxo, mesmo que isto talvez lhe custe sérios prejuízos.

Se a imprensa tem algum poder é porque ela veicula os poderes de Estado e da Sociedade. Ela tem esse primeiro papel quando se trata de periódicos oficiais. Os jornais e revistas sob o domínio da iniciativa privada ou estão vinculados a governos que os sustentam, e/ou aos anunciantes que injetam as verbas da publicidade. Ao se comunicar com o grande público e, sobretudo, ao vender seus artefatos para as massas, a imprensa precisa dizer algo que possa parecer interessar aos seus consumidores.

A necessidade de vender jornais e revistas diretamente às pessoas, faz que a imprensa escrita e publicada seja bastante diversa dos demais meios de comunicação disponíveis hoje e ontem. Isto gera um outro paradoxo vivido por qualquer periódico vendido em banca ou adquirido por assinatura. Se o que ele recebe para existir é fundamentalmente o que vem da compra direta, o veículo não pode desagradar demais aos seus leitores. Estes podem simplesmente deixar de comprá-los.

A solução que as empresas jornalísticas desenvolveram foi a de combinar a venda direta com o lucro obtido pela propaganda governamental e pela publicidade privada. Tem sido cada vez maior o espaço, nestes meios de comunicação, destinado a simplesmente sustentá-los e fazê-los lucrar. Ao vender-se, em primeiro lugar, aos seus anunciantes, a imprensa perdeu em cada vez maior escala qualquer independência.

Os interesses comerciais de seus donos ditam as opiniões que veiculam, por vezes, até mesmo contra seus interesses específicos enquanto membros das classes empresariais. No passado, os editoriais e alguns artigos eram de propriedade exclusiva da opinião dos donos. Hoje, isso ficou mais difícil, porque a imprensa escrita em estado de crise tem que se adequar ao mosaico de interesses dominantes na sociedade em que está inserida.

Hoje, fala-se mais em mídias do que propriamente da imprensa, isto é, juntou-se o enorme feixe dos meios de comunicação de massa em uma só denominação. O poder midiático empresarial atual, com suas várias faces e arestas, sendo formado por uma dualidade básica: a difusão da informação e a veiculação do entretenimento (diversão). Este modelo norte-americano de organização das mídias fechou as portas para uma divulgação científica mais séria e não sensacionalista, dificultou a publicização das artes não-comerciais e a veiculação da opinião política, social, crítica e independente. As janelas disto, que ainda funcionam, são cada vez mais diminutas.

A imprensa escrita que competia somente com o rádio (no Brasil) até a década de 1950 teve de dividir seu reinado com cada vez maiores e diversificados meios técnicos de comunicar. O ato de noticiar e de comentar passou a chegar ao grande público através da palavra falada e das imagens. A televisão e hoje a Internet assombram o antigo poder dos grandes jornais e das revistas. Eles têm emagrecido e alguns desses veículos desapareceram.

Nos EUA, existem calendários com datas prováveis para alguns jornais bastante tradicionais deixarem de ser impressos. Revistas desaparecem e ressurgem todos os dias pelo mundo afora. Vive-se um terreno de instabilidade e de falta de rumo possível. O jornalismo sem tinta parece que pouco a pouco se firmará no local desse antigo, centenário, meio técnico de comunicação.

A imprensa continuará a existir, porque não se pode imaginar o mundo sem informação, mesmo que ela seja manipulada, pouco ou não-comentada de modo sério e judicioso. As sociedades atuais estão embriagadas pelo fenômeno de estar ciente dos fatos eleitos pelas mídias, mesmo que isto nem sempre signifique muito. Sabe-se de muita coisa, compreendendo-se muito pouco do que se lê, se ouve e se vê na profusão cibernética de dados que afogam seus consumidores sem trégua.

Tudo leva a crer que o livro, no seu formato variável desenvolvido em séculos, continuará a existir, concorrendo com suas versões eletrônicas. Não há nenhum sinal de que esteja ameaçado pelos artefatos digitais. O prazer de lê-los e de colecioná-los é algo ainda difícil de destruir. A palavra escrita, fonte da ciência, da arte e da razão esclarecida continuará funcionando mesmo que transmitida por velhos e novos artefatos.

A luta não é contra os meios técnicos de comunicação recentes. Não são neles que o problema se aloja. A batalha é contra a ignorância e a manipulação seja ela feita pela imagem, pelo som (inclusive da voz humana) e pela palavra escrita gravada ou transmitida em algum suporte legível. Não existe um quarto poder. Entretanto, existe o poder da palavra que pode servir para mudar o mundo ou deixar tudo como está. Nela, concentra-se a verdadeira disputa que poderá ter algum resultado. Quando se menciona o vocábulo ‘palavra’ se está falando de todas formas e meios que a humanidade dispõe para se comunicar. Em última análise, em uma imagem ou em um som, a palavra humana está sempre presente na conformação do ato criativo.

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