sábado, 27 de novembro de 2010

Imagem do tráfico que a TV não mostra



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Tucanos te querem fora da internet

Reproduzo artigo de Sônia Correa, publicado no blog Coisas da Soninha:

Hoje quero me dirigir aos meus leitores, com um chamado muito sério e especial. Gostaria de convidá-los a, primeiramente, ficarem muito atentos e, depois, a se somarem na defesa da democracia na internet.

Muita gente não sabe do que estou falando. Vou explicar: Tramita no Congresso Nacional um Projeto de Lei (PL 84/99) do Senador Eduardo Azeredo – da turma tucana do José Serra, que propõe um verdadeiro ataque à democracia na rede, além de transformar a internet num território de rico.

Para que vocês tenham ideia, o PL ficou conhecido como o “AI-5 digital”, em alusão ao Ato Institucional nº 5, do obscuro período da Ditadura Militar, que fechou o Parlamento e acabou com a liberdade de manifestação e expressão, além de ter sido responsável pela maior repressão, torturas e desaparecimentos de lideranças populares.

Eu sei o que você fez no verão passado

O AI-5 digital de Eduardo Azeredo determina que não haja necessidade de mandado judicial para a quebra de sigilo dos internautas, o que afronta a própria Constituição do Brasil que só permite o acesso aos dados de uma pessoa, mediante autorização da justiça

O Senador tucano quer que provedores de serviços de e-mail, blog’s, serviços de busca, etc, guardem toda a navegação de cada usuário, com o IP do computador, a hora e data de acesso, durante três anos. Na prática, isso significa proibir a inclusão digital, pois algumas cidades estão implementando sistemas de redes sem fio, onde permite que várias pessoas se conectem com o mesmo IP.

E quem disse que internet é lugar de pobre?

Por exemplo, tu que és morador do Bairro Restinga, em Porto Alegre, e que já começa a utilizar este tipo de serviço, se o Projeto de Eduardo Azeredo for aprovado, tu não mais poderás usá-lo, a não ser contratando e pagando algum serviço de internet.

Argumento não falta. Azeredo diz que o objetivo é impedir a realização de fraudes pela internet, em especial, no setor bancário. Entretanto, é obrigação dos bancos garantir a segurança dos seus clientes. Para tanto, os banqueiros é que devem ser obrigados a adotar sistemas seguros para suas transações via internet e, se não o fazem é pela ganância de ganhos fáceis, ao invés de investir em tecnologias seguras.

Tucanos agem na calada do Congresso

Em outubro passado, enquanto o Brasil inteiro estava voltado para o segundo turno das eleições, os tucanos se aproveitaram de um Congresso vazio e aprovaram o PL de Eduardo Azeredo em duas comissões.

Nós que somos amantes da democracia precisamos nos mobilizar para impedir a ditadura na rede. Precisamos conversar com cada um dos novos parlamentares e com a nossa presidenta Dilma para impedir este retrocesso.

A Internet que queremos

A Internet é e precisa permanecer sendo um espaço de comunicação democrático, livre e cada vez mais acessível a todo povo brasileiro. Através da internet é possível a criação e ampla disseminação de conteúdos, metodologias científicas, tecnologias, como os softwares livres, sem que tenhamos que pedir aval para quem quer que seja.

Através da rede o acesso a informação se ampliou, contribuindo para a diversidade cultural, para a socialização de aprendizados e cooperação. É um veículo que permitiu que a comunicação deixasse de ser um privilégio de um pequeno grupo para ser propriedade social. Aí está um grande motivo para que os poderosos se voltem contra esta liberdade.

Por isso, te chamo a vir junto, a se manifestar e lutar contra o “AI-5 digital” do Senador Eduardo Azeredo. Pela inclusão digital! Por banda larga para todo povo brasileiro! Pela liberdade na rede! Em defesa da democracia!

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Como montar sua webTV

Reproduzo matéria de Antonio Martins, publicada no sítio Outras Palavras:

A blogosfera brasileira tem mostrado interesse crescente por dominar a produção de documentários em vídeo e programas de TV via web. Sites como Carta Maior e Vermelho exploram há anos, mesmo que de forma embrionária, estas linguagens. Recentemente, elas foram empregadas pelo blog de Luís Nassif, em comentários sobre a campanha eleitoral que reuniam milhares de espectadores; e por 48 horas democracia, uma cobertura do primeiro e segundo turnos das eleições que reuniu dezenas de sites e blogs.

Facilitada por plataformas como YouTube, Vimeo, Estudio Livre; ou Twitcam, Livestream, Stickam (para transmissões ao vivo), a webTV pode ser uma ferramenta preciosa para o jornalismo. Viabiliza gêneros em que a imagem é mais rica que as palavras (a entrevista olho-no-olho, por exemplo). Permite transmitir informações e análises rápidas sobre acontecimentos relevantes, quando não é o caso de esperar pela redação de um texto escrito (que tem outra profundidade e outras vantagens.). Abre um campo imenso para a experimentação.

Os planos de Outras Palavras para 2011 incluem a produção de documentários e a criação de uma webTV. Queremos fazê-lo de forma compartilhada. Nossa própria capacitação inicial ocorrerá num seminário de formação que se estenderá por 16 horas, em duas etapas: no próximo domingo (28/11) e em 12/12 (outro domingo). A programação completa está no final deste post.

A atividade será coordenada por CarlosCarlos. Autodidata, criador e autor de Bola e Arte, um programa que já transmitido pela TV Cultura e FizTV (Abril), CarlosCarlos postula uma ampla ruptura com os formatos que ainda predominam na televisão brasileira. Para ele, a forma padronizada dos noticiários de quase todas as redes busca esconder a pobreza de conteúdos e o bloqueio da criatividade. Mais: a uma comunicação televisiva mais democrática, deveria corresponder, obrigatoriamente, uma
forma mais aberta e dialógica. Menos capaz, portanto, de cavar um abismo entre quem transmite as informações, ou análises, e quem as recebe. Disposta a romper as barreiras entre os antigos emissores todo-poderosos e plateias passivas.

Articulado há poucos meses, Outras Palavras procura dedicar-se à produção de conteúdos qualificados sobre a globalização, seus reflexos no Brasil, as alternativas. Enfatiza que a blogosfera não deve se contentar em apontar as
distorções e superficialidades da velha mídia: precisa informar e interpretar - com as grandes vantagens da horizonalidade e da colaboração.

O projeto para 2011 inclui construir um site mais profundo e, ao mesmo tempo, mais participativo. O seminário "Como construir uma webTV" inaugura este esforço. Será inteiramente transmitido pela internet, com participação do público (para saber detalhes, escreva para antonio@outraspalavras.net
). A programação está abaixo e o convite, desde já, aberto.

Seminário: Como montar e manter uma webTV

Programa:

Domingo, 28/11 - 9h às 13h:

- Visão geral: Novo meio, novo padrão, nova linguagem.

* Como a internet permite montar microestúdios de TV funcionais, reduzindo a quase zero os preços de produção e emissão;

* A revolução estética possível e necessária: para noticiar e debater em
vídeo, não são necessárias estruturas e padrões globais;

- Plataformas: YouTube, Vimeo, Livestream, Ustream, Stickam, Twitcam

* História da publicação de conteúdos em vídeo e da transmissão online

* Características e comparação entre as plataformas de publicação (YouTube, Vimeo, outras): facilidade de publicação, limites de tempo e qualidade, formatos aceitos, público atingido, etc.

* Características e comparação entre as plataformas de produção online (Livrestream, Ustresam, Stickam, Twitcam): facilidade de publicação, número máximo de usuários por sessão, padrões de interatividade, público atingido, etc.

* A questão de transferir audiência para as grandes plataformas. Facilidades e desvantagens de criar contas personalizadas em grandes serviços. Quais as alternativas, suas vantagens e limites?

Domingo, 28/11 - 14h30 às 18h30

- Requisitos técnicos para produção e transmissão em vídeo

* Para transmissão: requisitos de conexão, modems, etc;

* Para produção em estúdio: câmeras, microfones, cenários. Do padrão mais simples a alguma sofisticação. O uso da webcam e do celular. Como produzir com qualidade em ambientes movimentados;

* Para produção externa: as mesmas questões do tópico anterior.

- Experiências práticas relacionadas ao conteúdo do dia

* Criação de contas no Youtube, Vimeo, Livestream, Ustream, Stickam, Twitcam.

* Embutindo o conteúdo publicado nestas plataformas em seu próprio site.

* Transmissão, por estas plataformas, a partir de webcam e câmeras/microfones mais sofisticados.

* Como disponibilizar permanentemente um conteúdo transmitido ao vivo.

Domingo, 12/12 - 9h às 13h

- Técnicas e estéticas na webTV

* Desconstruindo na prática o "padrão global"

* Recursos para ampliar a qualidade de produções e transmissões que usam equipamentos acessíveis.

* Estética: o mito da notícia-verdade absoluta e sua dissolução. Como a informalidade pode ajudar o público a fazer leituras críticas do que vê, examinando elementos como as fonte da informação ou informações e análises contraditórias sobre um mesmo fato.

- Alguns gêneros de programas, em formatos alternativos (exibição e comentário a partir de experiências existentes)

* O noticiário

* A entrevista

* A mesa-redonda

* A reportagem

Domingo, 12/12 - 14h30 às 18h30

- A publicação dos programas em sites e ou construção de videoblogs

* A utilização da ferramenta WordPress

* Os plugins do WordPress para criar áreas de TV em blogs

* Os temas para criação de vídeoblogs

* Exame e debate de sites e vídeoblogs existentes.

- A possível formação de uma rede de webTVs

* Um novo conceito: a grade compartilhada

* Como produzir conteúdo relevante e profundo articulando diversidade de saberes e múltiplas produções.

* Como articular esforços comuns para cobrir assuntos de grande relevância.

* Como montar um fórum permanente para colaboração, busca de sinergias e aperfeiçoamento do trabalho de todos.

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Comemorar muito, mas de sandálias

Reproduzo artigo de Valter Pomar, dirigente nacional do PT:

Nossa avaliação das eleições presidenciais de 2010 deve começar sempre com uma tripla comemoração e com um forte agradecimento. Comemoração pela continuidade do processo de mudanças iniciado em janeiro de 2003, pela eleição da primeira mulher presidente da República e por termos derrotado mais uma vez a direita demotucana.

Agradecimento ao povo de esquerda, especialmente ao povo petista, milhões de brasileiros e brasileiras, alguns anônimos, outros nem tanto, que perceberam o perigo e foram à luta, sem pedir licença, sem pedir ordem, sem pedir autorização e sem precisar de orientação. Foi principalmente este povo que ganhou a eleição presidencial, e não governantes, candidatos, dirigentes, coordenadores ou marqueteiros.

Devemos agradecer e comemorar, mas sem descuidar de um balanço crítico e autocrítico do processo. Este balanço deve começar lembrando que vencemos com uma bandeira: dar continuidade à mudança. Como lembrou a própria Dilma, como recebemos uma “herança bendita”, nossa única alternativa é aprofundar as transformações.

Ocorre que para vencer, enfatizamos a continuidade e debatemos pouco as mudanças. O tratamento dado ao programa do Partido e ao programa do coligação é apenas mais um sintoma disto. Debatemos pouco as mudanças, mas o cenário do governo Dilma será muito diferente do que prevaleceu entre 2003 e 2010. Noutras palavras: a mudança na realidade já está acontecendo, embora não tenhamos debatido em profundidade as mudanças que teremos que fazer na nossa política, para enfrentar esta nova realidade.

As mudanças já se deram e continuarão ocorrendo em três níveis principais.

Internacionalmente, o cenário será dominado não apenas pela crise e instabilidade econômica, mas também por cada vez maior instabilidade política e militar.

Nacionalmente, a direita vai dar continuidade ao tom radical assumido na campanha eleitoral. Ao contrário do que alguns pensavam, o PSDB é o partido de direita e da direita. Demonstrando uma vez mais a periculosidade da proposta da “aliança estratégica” com o PSDB, feita entre outros por Fernando Pimentel, com os resultados já conhecidos em Minas Gerais.

A terceira mudança é a seguinte: nos marcos da atual estrutura tributária e macroeconômica, não será mais possível ampliar significativamente os investimentos econômicos e sociais. Ou reduzimos substancialmente os juros, ou fazemos algum tipo de reforma tributária, ou interrompemos o crescimento dos investimentos, ou…. Em qualquer caso, tudo aponta para a agudização do conflito redistributivo no país, seja tributário, salarial, seja pela alta nos preços, pela alta dos juros etc.

Para dar conta destas mudanças, que conformam um novo cenário, teremos que enfrentar e superar três impasses estratégicos.

Primeiro: a política de melhorar a vida dos pobres, sem tocar na riqueza dos milionários, reforça o preconceito de uma parcela dos setores médios contra nós. Pois na prática estes setores perdem, em relação aos pobres, especialmente em termos de status.

Segundo: melhorar a vida material dos pobres, sem melhorar em grau equivalente a sua cultura política, deixa uma parcela dos que melhoraram de vida sujeitos à influência das igrejas conservadoras e do Vaticano, dos meios de comunicação monopolistas e da educação tradicional. Aqui vale ressaltar que a disputa de valores faz parte da disputa política. Não percebe isto quem acha que fazer política é “administrar”, esquecendo que a “percepção das obras” é mediada pela ideologia, pela visão de mundo, pela luta política.

Terceiro: o PT ganhou sua terceira eleição presidencial, mas ao mesmo tempo enfrenta cada vez mais dificuldades para hegemonizar o processo.

Estas dificuldades ficam claras quando analisamos o papel do PT na campanha, na composição do novo governo, na relação com aliados, na relação direta e cotidiana com o povo etc.

Quais são as principais dificuldades do PT?

Primeiro, a terceirização de parte de suas atividades dirigentes, seja para a bancada, seja para o governo, seja para o Lula. Há uma crescente distância entre a influência moral e eleitoral do PT, vis a vis a capacidade efetiva de direção de nossas instâncias.

Segundo, o empobrecimento de nossa elaboração ideológica, programática e estratégica. É preocupante o descompasso cada vez maior, entre a complexidade das questões postas diante de nós, no mundo, na América Latina e no Brasil, vis a vis nossa capacide de refletir coletivamente sobre estes assuntos.

Terceiro, há um processo de “normalização” do PT, de integração ao establishment. Durante muitos anos, o PT cumpriu um papel civilizatório na política brasileira. Pouco a pouco, por diversos motivos, entre os quais o financiamento privado das campanhas eleitorais, fomos nos adaptando a certos hábitos e costumes da política brasileira, dos mais ridículos aos mais graves, entre os quais tratar a eleição como mercado de votos.

Ou reagimos a isto e voltamos a cumprir – como Partido – um papel civilizatório, reformador e em alguma medida revolucionário nas práticas e costumes da política, ou estaremos fazendo o jogo da direita e da mídia que dia e noite nos calunia.

O que falamos antes ajuda a explicar alguns dos motivos pelos quais uma parcela importante da juventude não se identifica mais conosco. Grandes parcelas da juventude podem ser ganhas por nós, se adotarmos práticas distintas, combinadas com projeto de futuro, ideologia, visão de mundo, programa transformador. Se não fizermos isto, teremos inclusive problemas eleitorais, pois na próxima eleição e na outra, não adiantará comparar nosso governo com o passado, pois para os mais jovens, nós também fazemos parte do passado.

Aqui vale destacar que nossa integração ao establishment não se dá como decorrência automática de nossa conversão em partido de governo. Aliás, ironicamente, as vezes nossos governos são o que há de mais inovador e atraente; enquanto nossas instâncias partidárias vão se transformando em “agências reguladoras” de nossa participação nos processos eleitorais, burocratizadas, sem vida, controladas por esquemas cada vez mais tradicionais.

A quarta dificuldade que enfrentamos está em nossa relação com os aliados.

Precisamos de aliados para vencer eleições e para governar. Mas, nas atuais regras do jogo, a mesma política de alianças que parece cumprir um papel positivo na nossa vitória nacional, não parece contribuir para um salto no tamanho de nossas bancadas parlamentares e no número de nossos governos estaduais. Isto, mantidas as atuais regras do jogo, nos condena a um teto, a um limite de crescimento. E, sem maioria de esquerda no Congresso, qualquer discussão sobre reformas profundas pela via institucional será apenas isso: discussão.

A este problema, cabe agregar um detalhe: apesar de nossa política de alianças, o antipetismo cresce entre os aliados, assim como cresce na sociedade.

Em decorrência das mudanças, impasses e dificuldades que citamos antes, entendemos que a direção nacional deve priorizar o debate sobre a estratégia e a tática do Partido, da qual decorre a política que defendemos para o conjunto do governo, da qual podemos deduzir os espaços que achamos devam ser dirigidos pelo PT. E não, como parecem pretender alguns, começar e terminar o debate pelos tais “espaços”.

Na nossa opinião, o Partido deve priorizar quatro temas em 2011: a reforma política, a democratização da comunicação, a reforma tributária e a reorganização do PT.

Em resumo: com a eleição e posse de Dilma, a mudança continua, mas a disputa também.

Continua a nossa disputa contra o neoliberalismo, que não está morto, como se depreende do lobby do setor financeiro em favor de Meirelles, de Palocci, do ajuste fiscal e da alta de juros, para não falar do que ocorre no G20, na Europa e nos EUA.

Continua a nossa disputa contra o desenvolvimentismo conservador, aquele no qual as empresas capitalistas crescem, sem que haja mudanças estruturais na distribuição de poder, renda e riqueza.

E continua a disputa deles contra o PT. Disputa que vamos vencer, se abandonarmos as ilusões no inimigo, a defensividade absoluta e certo medo de sustentar nossas posições históricas e corretas, por exemplo em favor da democratização da comunicação.

A disputa contra o PT é uma disputa em torno do conteúdo da mudança que está em curso no Brasil. É uma disputa de hegemonia. E disputar hegemonia não é igual a fazer concessão, não é igual a ceder ou a recuar sempre. Disputar hegemonia é o contrário disto. Disputar hegemonia é travar uma luta cotidiana e permanente em defesa dos nossos valores, da nossa visão, do nosso projeto de mundo e de Brasil.

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Imprensa e governo: o papel de cada um

Reproduzo artigo de Ricardo Kotscho, publicado no blog Balaio do Kotscho:

Quando ocupava a sala da Secretaria de Imprensa, no Palácio do Planalto, onde hoje trabalha meu amigo Franklin Martins, no início do primeiro mandato do presidente Lula, costumava dizer aos amigos, meio brincando, meio a sério, que só tinha dois problemas ali: o governo e a imprensa, um reclamando o tempo todo do outro.

Desde o primeiro dia, ficou claro para mim que é muito difícil conciliar os interesses destas duas instituições de naturezas, tempos e interesses tão diversos. Instalado do outro lado do balcão, assisti à gincana promovida pelos meus colegas repórteres em busca de notícias negativas sobre o governo, certamente uma demanda de suas redações, que simplesmente não assimilaram e não se conformaram com a vitória de Lula e a mudança de mãos do poder, depois de mais de 500 anos.

A competição entre os profissionais que fazem a cobertura do Palácio do Planalto, por vezes pertencentes à mesma empresa, é feroz, implacável, ainda mais com a proliferação naquela época, começo de 2003, do jornalismo online e dos canais e emissoras de notícias, que a todo momento precisavam entrar no ar ao vivo, de preferência com alguma novidade.

Lembrei-me daqueles primeiros tempos de Brasília enquanto ouvia o ministro Franklin Martins, que na época era o homem mais importante do jornalismo da TV Globo em Brasília, na abertura do Seminário sobre Liberdade de Imprensa, em boa hora promovido pela TV Cultura, na manhã de quinta-feira, em São Paulo.

Um a um, Franklin foi espantando os fantasmas acenados pelos donos da mídia para assustar a platéia toda vez que alguém procura discutir qualquer medida de regulação dos meios de comunicação social, até hoje regidos por uma legislação dos anos 60 do século passado, quando ainda não existia nem TV a cores, e celular, internet, essas coisas todas então, então, nem pensar. O ministro lembrou que sequer o capítulo da Constituição de 1988 referente à Comunicação Social foi até hoje regulamentado.

Depois de defender a refundação do Ministério das Comunicações para transformá-lo num centro formulador de políticas e descartar uma por uma todas as “ameaças” à liberdade de imprensa no país, garantindo que ela não corre nenhum risco, Martins defendeu um debate com a sociedade sobre um marco regulatório para o setor, até para defender a radiodifusão brasileira diante do vertiginoso crescimento das empresas de telecomunicações no país. Acontece que a mídia brasileira se recusa a discutir a mídia.

Nenhum representante patronal estava presente ao seminário, como constantei na breve fala que fiz em seguida, durante a mesa de debate da qual participei, com a moderação da jornalista Monica Teixeira, junto com Sergio Dávila, editor-executivo da Folha, e do professor Demétrio Magnoli. É difícil e seria até meio redundante falar depois de Franklin Martins porque ele é um jornalista apaixonado pela profissão como eu e que se sabe se expressar muito bem, ao contrário deste que vos escreve.

Em todo caso, já que estava lá mesmo, li o meu “improviso”, que reproduzo abaixo, mostrando as dificuldades no relacionamento entre imprensa e governo, que seria bem melhor cada um se limitasse a cumprir o seu papel sem transformar as divergências, que são naturais, numa guerra permanente.

Liberdade de imprensa para quem?

Sempre que se discute liberdade de imprensa - e nunca se discutiu tanto como agora - faço uma pergunta. Em primeiro lugar, precisamos saber de qual liberdade de imprensa estamos falando. Liberdade de imprensa para quem?

•Diante do espanto da platéia, iniciei com esta pergunta a palestra que fiz em seminário promovido pela ANJ, a Associação Nacional de Jornais, entidade patronal da mídia impressa, faz uns dois ou três anos, em Brasília.

•Não se trata de garantir liberdade apenas para a imprensa, quer dizer, para as empresas e para os jornalistas.

•Quando se fala em liberdade de imprensa devemos falar, em primeiro lugar, na liberdade de imprensa como um direito que a sociedade tem à informação, assim como à água encanada e à energia elétrica.

•Aí cabe perguntar novamente: que tipo de informação, com que grau de qualidade, credibilidade e honestidade?

•A melhor resposta para esta questão crucial da liberdade de imprensa e de expressão está num estudo apresentado recentemente pela consultora Eve Salomon, da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, a Unesco.

•Salomon estudou, coisa que poucos entre nós costumam fazer, a situação do sistema de radiodifusão brasileira, ao longo de um ano, com o objetivo de propor diretrizes para uma nova regulação de mídia. A que está em vigor data dos anos 60 do século passado.

•Em entrevista a Lisandra Paraguassu, do Estadão, a consultora afirma: “Regular não é censurar, e as diferentes visões políticas precisam ser protegidas”.

•Com toda clareza, Salomon responde à pergunta que fiz acima. Abre aspas: “A regulação, quando feita da maneira correta, é uma maneira de proteger a liberdade de expressão”, fecha aspas, diz ela, ao contrário do que temem os porta-vozes da velha mídia.

•Abre aspas novamente: “Isso não é apenas para garantir o direito de dizer o que você quer, mas também o direito dos cidadãos de receber o que eles precisam para operar em uma democracia. É preciso respeitar a privacidade das pessoas, não transmitir mensagens de ódio, é preciso respeitar as crianças e garantir que as notícias sejam acuradas. Esses são os princípios básicos que estamos propondo para o Brasil, nada mais”, fecha aspas.

•Nem precisaria de mais nada, acrescento eu. Acontece que nós vivemos num país em que os donos da mídia simplesmente se recusam a discutir qualquer regulação, qualquer marco regulatório. Não admitem sequer discutir a autorregulamentação proposta pela ANJ, algo que já existe no setor de publicidade há mais de 30 anos. Não aceitam, simplesmente, qualquer regra ou limite para a sua atividade. Neste seminário, por exemplo, não há nenhum representante dos proprietários dos meios de comunicação.

•Toda vez que se tenta discutir as regras do jogo da comunicação social em defesa dos direitos de informação da sociedade, as entidades patronais e seus colunistas de estimação, saem logo gritando: “Fogo na floresta! Isto é censura! É o controle social da mídia! Querem acabar com a liberdade de imprensa!”.

•Desde a posse do presidente Lula, há quase oito anos, ouço esta mesma ladainha, e eu faço outra pergunta a vocês: qual foi a iniciativa concreta implantada pelo governo federal para cercear a liberdade de imprensa neste período?

•Bastaria pegar agora qualquer jornal ou revista, abrir os blogs, sintonizar qualquer emissora de rádio ou televisão, para ver que a imprensa tem a mais absoluta liberdade de expressão - e até abusa dela frequentemente, com informações muitas vezes erradas, manipuladas e incompletas, sem falar em graves ofensas pessoais ao presidente da República.

•Sempre que afirmo isto, tem alguém na platéia que levanta o braço para contestar. E a censura ao Estadão? E a expulsão do Larry Rother? Então, já vou logo respondendo: a censura no Estadão não tem nada a ver com o governo federal. É um absurdo, uma aberração, eu também acho. Mas é uma decisão do Judiciário, envolvendo um processo que corria em segredo de Justiça. Daí a dizer que, por causa disso, existe censura à imprensa no Brasil é uma aberração maior ainda.

•Quanto ao tal do Larry Rother, houve inicialmente um grave erro do governo, sim, mas que, graças a Deus e ao Márcio Thomás Bastos, com a minha ajuda, não se concretizou.

•O resto fica no campo dos medos, das ameaças e dos fantasmas que ressurgem toda vez que o assunto entra em pauta.

•Para ganhar tempo e dar mais espaço ao debate com vocês, já vou logo respondendo também à questão levantada pelo tema da palestra de amanhã (hoje, sexta-feira) com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

•“A liberdade de imprensa corre risco no Brasil?”.

•Não, a meu ver a liberdade de imprensa não corre nenhum risco no Brasil neste momento e até onde a minha vista alcança.

•A sociedade brasileira, sim, corre sérios riscos de não ser informada corretamente quando a sua grande imprensa assume o papel de partido de oposição, como admitiu publicamente a presidente da ANJ, Judith Brito, e demite os colaboradores que não seguem o pensamento único dos seus donos.

•Partido é partido, imprensa é imprensa e governo é governo. Assim como a imprensa não deve tomar partido, também não é papel do governo ser ombudsman da imprensa. A jovem democracia brasileira agradeceria se cada instituição se limitar a cumprir o papel que lhe cabe.

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Os blogueiros e a fúria da velha mídia

Reproduzo artigo de Eduardo Guimarães, publicado no Blog da Cidadania:

Há milhões de coisas a dizer sobre a entrevista coletiva que o presidente Lula concedeu aos auto-proclamados blogueiros progressistas. Antes, porém, há que abordar os ataques da grande imprensa a eles.

Diante das críticas a esses setores da imprensa que permearam tal entrevista coletiva, esse colegiado de impérios de comunicação passou recibo do fato de que surgiu um ente capaz de se contrapor ao seu engajamento político na oposição partidária ao governo federal.

Essa grande imprensa que teve que ficar do lado de fora do Palácio do Planalto enquanto acontecia uma entrevista coletiva do presidente da República a simples blogueiros – alguns sem formação jornalística, como este que escreve –, não hesitou e partiu furiosamente para o ataque contra eles.

Globo, Folha de São Paulo e Estadão – além de jornais menores, de algumas tevês abertas (como o SBT) e de todos os portais de internet – evitaram abordar as questões feitas a Lula. No máximo, como no caso da Folha, fizeram alguns comentários laterais sobre os temas abordados, mas se concentraram no suposto viés “chapa-branca” dos blogueiros.

Quando saímos do Palácio do Planalto por volta da hora do almoço do último dia 24 – tendo chegado lá por volta das oito horas da manhã –, repórteres de O Globo e da Folha nos esperavam.

O jovem repórter da Folha que nos entrevistou chama-se Breno Costa. Ele escreveu o seguinte:

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Em entrevista a blogs pró-governo, Lula faz críticas à imprensa

Presidente diz que mídia praticou “leviandades” e “inverdades” contra ele e diz que vai virar blogueiro. Dos 10 blogs escolhidos para sabatina, 8 apoiam governo; petista critica Serra por agressão na eleição, e tucano revida

BRENO COSTA

DE BRASÍLIA

Na primeira entrevista já concedida a um grupo de blogueiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os entrevistadores se uniram nas críticas à grande imprensa.

Dez blogueiros autoclassificados “progressistas” participaram da entrevista, de duas horas, na manhã de ontem no Palácio do Planalto.

Um dos blogueiros, Altamiro Borges, é filiado ao PC do B. Outro, conhecido como “Sr. Cloaca” [ele não revela o nome], é assessor de imprensa de político do PT no Rio Grande do Sul, cujo nome também não revelou.

O blog Amigos do Presidente Lula, que não estava na lista divulgada pelo Planalto, também participou. O Planalto disse que o blog não entrou na lista por “erro”.

Dos 10 sites, 8 têm como linha a defesa do governo Lula e se alinharam, na eleição, à candidatura de Dilma Rousseff, reproduzindo uma série de ataques ao candidato do PSDB, José Serra. Os outros têm uma linha mais neutra.

O blogueiro Eduardo Guimarães, fundador do Movimento dos Sem Mídia, que já fez protestos em frente à Folha, citou a sigla “PIG”. Coube ao secretário de imprensa do Planalto, Nelson Breve, traduzi-la a Lula: “PIG é o que ele chama de Partido da Imprensa Golpista”.

Ao lado do ministro Franklin Martins (Comunicação Social), Lula voltou a afirmar que não lê jornais e revistas, mas que, quando sair da Presidência, vai “reler tudo”.

“Eu quero saber a quantidade de leviandades, de inverdades que foram ditas a meu respeito, quantas coisas que não foram ditas.”

Ainda sobre a relação com a imprensa, disse que “o jogo não é fácil”. “Sobretudo quando você não quer se curvar.” Afirmou que órgãos de imprensa se assustaram com sua popularidade “pois trabalharam o tempo inteiro para não acontecer isso”.

Para Lula, que prometeu virar “blogueiro e tuiteiro”, “não existe maior censura do que a ideia de que a mídia não pode ser criticada”.

O presidente voltou a defender uma regulação da mídia, mas rechaçou a ideia de censura. Ele quer entregar ao menos um esboço de marco regulatório para o setor.

Lula ainda disse que o pior momento vivido em seu governo foi o dia do acidente da TAM, em São Paulo, que deixou 199 mortos. “Nunca vi tanta leviandade”, disse, sobre a cobertura da mídia.

Afirmou que sentiu “alívio” ao descobrir que não houve falha do governo e que o acidente tinha sido provocado, essencialmente, por erro humano. “Foi uma sensação de alívio por ter descoberto a verdade.”

SERRA

Lula também retomou o episódio da agressão a Serra por militantes ligados ao PT em ato de campanha no Rio.

Ele voltou a dizer que o tucano simulou uma agressão grave, e se disse “decepcionado” com a Globo. “Foi uma cena patética, uma desfaçatez. Fiquei decepcionado [com a Globo] porque quiseram inventar uma outra história, um objeto invisível que até agora não mostraram.”

Serra, que estava ontem em Brasília, respondeu. “Como foi comprovado, foi um outro objeto atirado em mim, inclusive está filmado, e o presidente sabe disso.” O tucano continuou: “Lula talvez já tenha começado sua campanha para 2014, dizendo mentiras inclusive”.

IRÃ E STF

Lula defendeu a relação com o presidente Mahmoud Ahmadinejad e tentou explicar a posição do iraniano sobre o holocausto. “Ele explicou que o que quis dizer, na verdade, era que morreram 70 milhões de pessoas na Segunda Guerra, e parece que só morreram judeus”, disse.

Ele afirmou que deixará a indicação do novo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) para Dilma Rousseff, no caso de o Senado não sabatinar o escolhido até o próximo dia 17, quando o Congresso entra em recesso.

Luís Inácio Adams, a advogado-geral da União, e Cesar Asfor Rocha, presidente do Superior Tribunal de Justiça, são os mais cotados.


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O que o editor deste blog disse ao jovem repórter Breno, porém, não saiu na matéria que ele fez. Começou a entrevista comigo perguntando se seria válido fazermos uma entrevista tão pouco questionadora ao presidente.

A resposta foi a de que não haveria sentido em os blogueiros fazerem o mesmo que a grande imprensa fez durante oito anos ininterruptos e a de que se o Estadão pode apoiar explicitamente um político, como fez ao declarar voto em José Serra durante a recente campanha eleitoral, blogueiros também podem.

Não se viu algum desses grandes jornais dizer sobre o Estadão o que disseram Folha e O Globo – este, mais virulento, tratou de insultar o blogueiros, chamando-os de “chapas-brancas” e dizendo que o que fazem “não é jornalismo” – apesar de o centenário jornal paulista ter se engajado na campanha do candidato tucano.

O jovem repórter Breno também me fez a indefectível questão sobre os blogueiros defenderem “censura” à imprensa. Disse a ele que isso era uma bobagem, até porque o lema do Movimento dos Sem Mídia é “Que a mídia fale, mas não me cale”.

Quando o signatário deste blog ponderou que enquanto a mídia afirma que o governo Lula pretenderia censurá-la o Brasil sobe 13 posições no ranking de liberdade de imprensa da ONG internacional “Repórteres sem fronteiras”, o repórter da Folha terminou a entrevista.

Esses meios de comunicação também usaram uma outra estratégia para darem um ar bisonho aos blogueiros que entrevistaram Lula. Escolheram o impagável Willians de Barros, o “senhor Cloaca”, como “logotipo” da Blogosfera.

O Globo nos chamou ontem, aos blogueiros, de “Cloaca e outros amigos” de Lula. E destacou o suposto caráter “apócrifo” do blog Cloaca News. A Folha, hoje, usa a entrevista que também fez com Barros na porta do Palácio do Planalto para acusá-lo de partidário.

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Entrevista a blogueiros não foi chapa-branca, diz “Sr. Cloaca”

BRENO COSTA
DE BRASÍLIA
BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

Convidado para o encontro do presidente Lula com blogueiros que se classificam como “progressistas”, o publicitário William Barros, que se apresenta na internet como “Sr. Cloaca”, afirmou que o evento “não foi uma entrevista chapa-branca”.

Ele disse que o tom da conversa, marcada por elogios ao governo e ataques à imprensa, surpreendeu. “Achavam que seria chapa-branca, inclusive os leitores dos blogs. Mas não foi!”

Barros escreve no blog “Cloaca News”, cujo subtítulo é “As últimas do jornalismo de esgoto”. A página se dedica a defender Lula e a atacar políticos de oposição.

O tópico mais citado é “José Serra”: até ontem, havia 142 posts contra o tucano. Outro alvo preferencial são os veículos de comunicação, chamados de “imprensa golpista” e “máfia midiática”.

O blogueiro assessora políticos do PT-RS, mas evitou o assunto. “Não é importante, não sou famoso. Famoso é o Sr. Cloaca”, disse. O site tem link para o portal do futuro governo de Tarso Genro (PT).

Animado, ele se posicionou ao lado de Lula para a foto oficial. Após o clique, deixou o Planalto gabando-se da notoriedade instantânea. “O Lula me chamou depois… “Vem cá, ô Cloaquinha!’”


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O dicionário Houaiss explica o tom jocoso usado por esses jornais em relação ao “Senhor Cloaca”. O dicionário define assim o substantivo feminino cloaca:

1- fossa, canal ou cano destinado a receber dejeções
2- coletor de esgoto
3- vaso sanitário; latrina
4- escoadouro de águas; vala, sarjeta
5- depósito de imundícies; monturo
6- tudo o que é imundo, que tem mau cheiro
7- nos anfíbios, répteis, aves e muitos peixes, câmara comum onde os sistemas digestivo, excretor e reprodutor descarregam seus produtos

A tentativa é a de transformar a inteligente sátira que faz o blogueiro Willians de Barros em uma espécie de caráter “sujo” dos blogueiros. É uma variante da qualificação de Serra sobre “blogueiros sujos”.

O mais interessante é que, ao atacar os blogueiros que entrevistaram Lula sem lhes dar espaço para se manifestar, essa dita “grande imprensa” provoca curiosidade em seu público. Há pelo menos um ano que ela faz isso e, enquanto faz, o blogs vão ganhando audiência.

Os blogueiros temos tanto direito quanto o Estadão de manifestar nossa posição política. Não existe nada de anti-jornalístico ou “chapa-branca” no trabalho que fazemos, porquanto deixamos clara a nossa posição tanto quanto o centenário jornal paulista. Somos, Estadão e blogueiros, bem mais honestos do que Folha e O Globo.

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Por que os jornalões estão estressados?

Reproduzo artigo de José Dirceu, publicado em seu blog:

Impressiona a virulência, misto de escárnio, com os quais a grande mídia - ou velha, ou antiga mídia - divulga hoje a entrevista pioneira do presidente Lula a 10 blogueiros progressistas de vários Estados do país na manhã de ontem no Palácio do Planalto.

Os blogueiros são chamados de chapas-brancas em mais uma tentativa inútil da velha e/ou antiga mídia de desqualificar o trabalho sério que existe hoje na rede, inclusive, bastante crítico ao que a grande imprensa produz.

Esta tentativa de desqualificação tem um precedente: vem na esteira do serviço prestado à grande mídia pelo candidato tucano José Serra, derrotado nas eleições de outubro. Durante a sua campanha ele chegou ao ponto de chamar os blogs que denunciaram as baixarias de sua participação na disputa de "blogs sujos".

Jornalões estrilam por serem deixados de fora

Também não dá para levar a sério vários e vários dos argumentos com os quais criticam o fato de o presidente ter dado a entrevista aos blogueiros. Sem sequer registrar que foram eles que se articularam ao realizarem em agosto o "1º Encontro dos Blogueiros Progressistas" e a solicitaram o encontro em seguida ao chefe do governo.

O que não muda a situação. O presidente também poderia querer concedê-la e convidar os blogueiros que quisesse. O que o impedia? A velha mídia quer proibi-lo disso? É inacreditável mas, como bem lembrou o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, em oito anos de governo, o presidente Lula concedeu 960 entrevistas, a maioria coletivas.

Ontem, foi a primeira ao grupo de blogueiros brasileiros. Nenhuma das 960 anteriores suscitou na velhíssima mídia tanto interesse, tanta ira e tanto ressentimento por não ter sido chamada quanto essa.

Força da blogosfera

Na realidade, com essa postura, a imprensa tradicional reage à força dos blogs e ao apoio que eles obtêm - a cada dia maior - na sociedade brasileira. Culpa dela própria que saturou, deixou a sociedade farta com as manobras de uma velha imprensa que perdeu muito de sua credibilidade ao se tornar partido político quando, ao invés de informar, preferiu a cortina de fumaça com a qual escamoteia, esconde mesmo, diariamente seus reais interesses.

O que vimos ontem na conversa do presidente Lula com os blogueiros foi um diálogo franco, predominantemente em torno da comunicação no país - talvez, daí, a preocupação da imprensa - mas, também, sobre temas apresentados de forma contundente sim, pelos blogueiros, a anos luz de serem "chapas-brancas" como quer fazer crer a grande mídia.

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