sexta-feira, 20 de abril de 2012

Intensificar as lutas do sindicalismo

Por Altamiro Borges

14- Apesar dos enormes estragos causados pelo neoliberalismo, com a explosão do desemprego, da informalidade e do trabalho precarizado, o movimento sindical brasileiro demonstrou invejável capacidade de recuperação nos últimos anos. Ele se tornou um importante ator político, contribuindo para derrotar as forças de direita e para eleger o primeiro presidente oriundo de suas lutas. Mantendo a sua autonomia, o sindicalismo pressionou o governo Lula para arrancar expressivas conquistas. Pela primeira vez na história deste país, conforme o bordão do ex-presidente, as centrais sindicais foram legalizadas, firmou-se um acordo inédito de valorização do salário mínimo, o processo de privatização das estatais foi freado, entre outras vitórias. Aproveitando-se da maré de crescimento da economia, que gerou emprego e elevou o poder de barganha dos trabalhadores, os sindicatos na base também arrancaram reajustes salariais acima da inflação e outras conquistas sociais. Neste rico e contraditório processo de retomada, os índices de sindicalização voltaram a crescer – pularam de 16% no triste reinado de FHC para 26% nos dias atuais. Estes avanços, entretanto, não negam as debilidades ainda existentes nem ofuscam os enormes desafios futuros do sindicalismo brasileiro.

A falta de ousadia do governo Dilma

Por Altamiro Borges

8- O Brasil se enquadra numa moldura internacional marcada pela grave crise do sistema capitalista, pela emergência dos Brics e pela guinada à esquerda na América Latina. A vitória de Lula, em 2002, deu início a um ciclo político progressista no país, que foi confirmado pela eleição da primeira mulher para presidenta da República. No terreno político, o cenário atual é mais favorável às lutas dos trabalhadores. As forças de direita, comprometidas com a regressão neoliberal, foram derrotadas nas urnas em 2010 e perderam o rumo. O DEM, que reúne os velhos oligarcas, elegeu 43 deputados no último pleito, menos da metade dos eleitos no reinado de FHC, e ainda foi golpeado pelo racha do PSD, que garfou 17 deputados, um governador e uma senadora. Para piorar, suas três principais lideranças nacionais sucumbiram. Arruda, o ex-governador do Distrito Federal cotado para ser o “vice-careca” de Serra, foi preso por corrupção; Demóstenes Torres, escolhido na recente convenção da sigla para disputar a presidência da República em 2014, está prestes a ser cassado por seu envolvimento com a quadrilha de Carlinhos Cachoeira; e Gilberto Kassab abandonou o barco à deriva, liderando a criação do PSD. Na prática, os demos caminham para a extinção, rumam para o inferno. Já o PSDB, que agrega os neoliberais, segue dividido e sem propostas. O paulista José Serra, que passou aperto nas prévias para ser candidato em São Paulo, não desistiu da sua ambição presidencial e pode atropelar o mineiro Aécio Neves. As bicadas entre os tucanos são cada vez mais sangrentas. Seu falso discurso moralista, que já havia naufragado com a ex-governadora Yeda Crusius, agora é abalado pelas denúncias de corrupção que atingem o governador Marconi Perillo (GO). O enfraquecimento da direita favorece a luta dos trabalhadores. Daí a importância das eleições municipais deste ano, que podem acelerar este processo.

Um mundo de incertezas e oportunidades

Por Altamiro Borges

1- O Brasil não é uma ilha apartada do mundo. Ele reflete e interfere – cada vez com mais força – no cenário internacional. A crise capitalista, as mudanças políticas em curso e as guerras imperialistas, entre outros fatores, têm impacto em nosso país e ajudam a determina sua política interna. Neste sentido, analisar o cenário mundial tem grande significado para a definição das estratégias de luta dos trabalhadores brasileiros. De imediato, o que chama atenção é que o planeta atravessa um período de incertezas e de enormes perigos. Ao mesmo tempo, novas oportunidades se abrem para o avanço das conquistas dos que vivem do trabalho.