domingo, 19 de março de 2017

O dia em que o Brasil se uniu contra Temer

Por Thiago Cassis, no site da UJS:

A resposta das ruas aos ataques contra os direitos dos trabalhadores e, sobretudo, contra a proposta de Reforma da Providência do presidente ilegítimo Michel Temer, foi gigante. Os dados apontam para 60 mil em Curitiba, 150 mil em Belo Horizonte, 30 mil no Recife, 30 mil em Fortaleza e 300 mil na Avenida Paulista, em São Paulo.

Os brasileiros se mostram definitivamente contrários aos planos dos golpistas que vão sendo postos em prática rapidamente. E é natural que as maiores demonstrações viessem justamente quando se ousou tocar na aposentaria, por exemplo. Nas manifestações do dia 15 de março foi possível detectar muitas camisetas amarelas da CBF, símbolo que identificava os que iam às ruas, sob forte influência da grande mídia, pedir “Fora Dilma”, ou os mais ingênuos, “Fora todos eles”.

Não é segredo para ninguém a profunda confusão que nossas ruas se transformaram naquelas manifestações apoiadas inclusive pela Fiesp, que está longe de pensar nos interesses dos trabalhadores, e que juntavam um grande número de desavisados, e até pessoas pedindo “intervenção militar”. Um grande caldeirão indo para as ruas, com catracas liberadas no metrô, como em São Paulo, e transmissão ao vivo da Globo, que inclusive convocava para os atos golpistas com chamadas que destacavam o “caráter familiar das manifestações” e a “tranquilidade”.

Mas não podemos subestimar as pessoas.

Passados dois anos da primeira manifestação guiada por aqueles que fizeram campanha aberta contra Dilma Rousseff em 2014 e não aceitaram o resultado das urnas, inclusive os mesmos que em 1964 também não eram lá muito simpáticos à democracia, pudemos ver uma nova manifestação em um 15 de março, dessa vez contra os ataques aos direitos dos brasileiros, dos trabalhadores. E lá surpreendentemente, ou não, estavam muitos daqueles que apoiaram, ingenuamente ou não, o golpe. Camisetas da CBF, outrora carregando o famoso “pato da Fiesp”, dessa vez carregavam cartazes em defesa da aposentadoria.

E não fica por ai, um levantamento, publicado pelo Mídia Ninja (aqui), demonstra que usuários do Twitter pouco ou nada afeitos aos tradicionais embates políticos, dessa vez se envolveram nas discussões, levanto a pauta da Reforma da Previdência aos principais tópicos nas redes sociais. Para quem estava em São Paulo, outro fato pode ser detectado, mesmo uma parte da população que normalmente, e infelizmente, reage mal às greves do Metrô, por ocasionar um verdadeiro caos na cidade e a consequente perda do dia de trabalho, dessa vez apoiou as paralisações. E mesmo sem poder acessar as estações de metrô, contrariava os repórteres das “emissoras pró-golpe” e declaravam que os trabalhadores estavam certos em parar, afinal, era tudo em defesa da aposentadoria.

Como de costume, a grande mídia não deu a devida atenção para os trabalhadores, fato notado também por muitos que estavam acostumados a ter os seus “pixulecos” exibidos em rede nacional. Se tudo isso será suficiente para barrar a Reforma, não sabemos, provável que não, mas o último dia 15 marcou certamente um ponto de virada na resistência contra a série de golpes em curso no país.

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