sexta-feira, 21 de abril de 2017

Bancários se mobilizam para a greve geral

Do site da Federação dos Bancários do Centro-Norte (Fetec-CN):

Está cada vez mais claro para a população, até mesmo para setores que apoiaram o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, que a verdadeira razão do golpe foi a implementação da agenda do capital e dos neoliberais, visando acabar com os programas sociais, retirar direitos dos trabalhadores e entregar os recursos nacionais às empresas multinacionais. Por isso é importante que tenhamos a capacidade de buscar o apoio desses segmentos, estreitar a unidade dos movimentos sindical e sociais e ampliar a mobilização para o confronto com o governo ilegítimo de Michel Temer e suas reformas. O que necessariamente passa por uma grande greve geral no dia 28 de abril.

Essas foram, em síntese, as opiniões dos palestrantes que participaram da análise de conjuntura que abriu nesta segunda-feira 17 o 10º Congresso da Federação dos Bancários do Centro Norte (Confetec-CUT/CN), que está sendo realizado em Cuiabá e termina na quarta 19.

A mesa foi composta por Altamiro Borges, coordenador do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão Itararé, por Gilmar Soares Ferreira, professor e secretário de Assuntos Educacionais da Confederação Nacional da Trabalhadores em Educação (CNTE), e pelo deputado federal Ságuas Moraes (PT-MT), com participações dos presidentes das CUTs de Mato Grosso (João Dourado) e Itamar Ferreira (Rondônia) – ambos bancários.

“Vivemos hoje no mundo, na América Latina e no Brasil um quadro de muitas incertezas, que é dinâmico e imprevisível, porque não há uma hegemonia consolidada”, avalia o jornalista Altamiro Borges, editor do Blog do Miro. Ao contrário de períodos recentes, em que houve hegemonia clara neoliberal seguida de uma onda progressista, em sua opinião “hoje há de um lado uma briga entre as correntes mais ultraliberais e conservadores, até de caráter fascista, e setores que resistem a esse avanço e estão à procura de uma alternativa. Essa batalha não está decidida”.

Parodiando o pensador marxista italiano Antonio Gramsci, Altamiro disse que “o velho está velho mas ainda não morreu e o novo dá sinais de que surge, mas ainda não nasceu. É um sinal da crise capitalista. E nessa brecha vêm as aberrações, que podem ser muito perigosas, como as ações de Trump na Síria e no Afeganistão”.

População começa entender razões do golpe

Altamiro avalia que a população começa a entender as verdadeiras razões do golpe contra a presidenta Dilma, mesmo em setores que foram às ruas apoiar sua destituição, “organizada por corruptos” que prometeram o rápido retorno do crescimento econômico.

“E qual o resultado do golpe?”, indaga o jornalista. “Até os midiotas começam a perceber que deram um tiro no pé”, ao se darem conta de que a crise econômica se agrava e o governo ilegítimo corta programas sociais e direitos dos trabalhadores, como a pretendida reforma da previdência.

Altamiro acredita que o movimento sindical e os movimentos sociais precisam mudar a estratégia e o discurso, para atrair o apoio desses setores que se sentem enganados pelos golpistas. “Precisamos trazê-los pro nosso lado”, defende.

O jornalista enxerga muitas fragilidades no bloco de governo golpista, a começar pelo acirramento da crise e pelas divisões internas que surgem “em toda organização mafiosa”. Ele defende da tese de que, mais importante que discutir candidaturas para 2018, “a questão central hoje é a elaboração de um projeto que desperte novamente a esperança do povo brasileiro”.

Mulheres estão na vanguarda

Altamiro também acredita que é apostar na unidade do campo progressista e na mobilização e “saber aproveitar os rachas do inimigo, além de muita luta”.

“O povo começou a acordar e ir pra rua, inclusive de gente que até ontem apoiou o golpe. O Carnaval foi um exemplo espontâneo disso. O 8 de março foi também um marco importante. As mulheres mostraram que estão na vanguarda. Só sei que precisa ter pressão. Unidade e pressão. Temos de combinar a ação geral das centrais, o que dá o caráter de classe, com a ação localizada contra os parlamentares nas suas bases, inclusive com escrachos nas suas cidades”, conclui Altamiro.

Congresso vulnerável

Na mesma linha de raciocínio, o deputado federal Ságuas Moraes (PT-MT) considera que o Congresso Nacional, apesar de até agora ter dado apoio às medidas antipopulares do governo, “é altamente vulnerável” e que “Temer ajudou a unir as centrais sindicais, unidade que é importante para a resistência dos ataques contra os trabalhadores”.

O parlamentar mato-grossense também defende que os movimentos sociais estendam a mão e façam gestos de aproximação com os segmentos da classe média que apoiaram o golpe e já perceberam que cometeram um erro. “Temos de ter essa capacidade de dar um abraço e trazer essas pessoas”, afirma.

O deputado Ságuas Moraes centrou fogo nas iniciativas do governo que retiram direitos dos trabalhadores, especialmente na PEC 287 da aposentadoria. “Não se trata de uma reforma, mas do desmonte da Previdência”, denuncia.

“Com essa medida, as pessoas precisarão começar a trabalhar aos 16 anos para se aposentar com 65 anos e aprofunda as desigualdades entre homens e mulheres”, destaca.

Ele conclui: “O povo vai fazer o enfrentamento para defender a aposentadoria e por isso precisamos aumentar a mobilização e agregar trabalhadores que não estão organizados ainda. O dia 28 será importante para o povo brasileiro dizer que não quer esse governo que está aí, nem as reformas e que queremos novas eleições”.

‘Pobres mais pobres e perdoando crimes dos ricos’

Secretário de Assuntos Educacionais da CNTE, Gilmar Soares Ferreira disse que, “no varejo da política, estamos assistindo a uma novela cujos capítulos, além de criar as condições para um pobre mais pobre, perdoam os crimes dos ricos”.

Ele deu destaque para os interesses estrangeiros no golpe contra Dilma. “Os tucanos não são a força principal do golpe, que tem sobrenome: Marinho. E os plutocratas instalados nos tribunais e no MPF. Mas não podemos menosprezar a dimensão importante que foi a participação do imperialismo no impeachment”, lembra.

“O golpe foi armado num momento em que o Brasil alçava voo para ser uma potência mundial, com agropecuária desenvolvida, grandes empresas de infra-estrutura atuando a nível global, descoberta e produção pré-sal, com a garantia de investir 30% de seus recursos na saúde e na educação, o que era uma revolução. Fazemos parte de um grupo de países que detêm energia estratégica, junto com Rússia e Irã. Isso foi percebido pela direita internacional, que foi um dos autores do golpe”, denuncia Gilmar.

O professor e dirigente da CNTE acredita que “nós do movimento sindical temos um papel muito importante a desempenhar nas eleições de 2018 e temos o desafio de buscar a unidade na diversidade. É preciso convencer os trabalhadores de que não estamos fadados ao fracasso.

Para ele, “o desafio dos setores progressistas é um só: unificar discursos e estratégias em torno de propostas concretas que se configurem como alternativa real ao projeto de país que queremos”.

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