quinta-feira, 25 de maio de 2017

A barbárie do golpe: mortos e exército na rua

Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:

O prefeito da maior cidade do país caminha em meio aos escombros. Tinha acabado de mandar demolir um prédio na cracolândia, com moradores dentro.

Do outro lado do Brasil, dez corpos se amontoam, em meio a mais um massacre de trabalhadores rurais no Pará. A polícia paraense teria promovido a matança. O uso da força, sem disfarces, sempre foi a linguagem da elite brasileira: escravocrata, ardilosa, antipopular.

Trabalhadores em marcha contra as “reformas” de Temer são atacados brutalmente pela polícia em Brasília. Bombas, porrada, tiros.

Carta aos xenófobos do Brasil

Por Fernanda Lelles, no blog Socialista Morena:

Sou baiana, criada em São Paulo, filha de uma baiana e um paulista, muito prazer.

Hoje, para minha tristeza, me deparei com duas notícias que encheram meu coração de desesperança. Em meio à triste tragédia que aconteceu em Manchester, quando um homem-bomba causou a morte de 22 pessoas, a maioria delas crianças e adolescentes, uma mulher chamada Nelma Baldassi, de Curitiba, comentou em sua página no Facebook: “Só lamento que tenha sido em Manchester e não na Bahia. Seria lindo ver aquela gente nojenta e escurinha da Bahia explodindo. Kkkkkkkkkkkk”.



Brasília: não foi guerra, foi um massacre!

Por Renata Mielli, no site Mídia Ninja:

Em uma guerra existem dois exércitos. O que se viu hoje, em Brasília, não se pareceu nada com uma guerra. Foi um massacre. Policiais armados e orientados a reprimir manifestantes atacaram sem cerimônia trabalhadores e trabalhadoras que estavam na Esplanada dos Ministérios neste dia 24 de maio.

#OcupaBrasília foi um movimento organizado por um amplo leque de entidades com o objetivo de protestar contra as Reformas da Previdência e Trabalhista e em defesa da convocação de eleições diretas para presidência da República.

Mas o Brasil não é mais uma democracia e manifestações não são bem-vindas no país que está sob um governo golpista há 377 dias. A escalada autoritária é galopante.

Temer e ministros estão refugiados no poder

Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:

Depois dos protestos em Brasília nesta quarta-feira (24), o governo de Michel Temer não tem saída. Isolado, o presidente ainda se apega a tentativas desesperadas de se manter no poder. O símbolo desse desespero foi a edição, no mesmo dia do Ocupa Brasília, do decreto autorizando “o emprego das Forças Armadas para a garantia da Lei e da Ordem no Distrito Federal”. A falta de apoio foi tal que Temer recuou e, menos de 12 horas depois, revogou o decreto. A questão agora é saber o que se pode esperar para os próximos dias e qual a “porta de saída” mais provável pela qual o presidente deixará o “comando” do país.

A mala para Temer e todos quietos

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Impressionante.

Com vídeo e tudo, ficou pelos cantos do jornal a delação do executivo Ricardo Saud, da JBS, narrando, de viva voz, como intermediou com o ex-assessor do Planalto, Rodrigo Rocha Loures, a entrega semanal de uma mala com R$ 500 mil destinada a Michel Temer.

- Isto é uma aposentadoria para o Michel, diz o empresário.

Reinaldo Azevedo e a justiça-espetáculo

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

O colunista Reinaldo Azevedo é o mais novo exemplo de injustiça contra jornais e jornalistas, situação típica de um quadro de avanço de um estado de exceção.

Se for para falar de casos nacionais, vamos lembrar de Edu Guimarães, alvo de uma condução coercitiva escandalosa na Lava Jato.

Se for para ficar em Minas Gerais, a perseguição a inúmeros profissionais de imprensa que ousavam criticar desmandos do outrora todo-poderoso Aécio Neves constitui um fato tão banal que deixou de ser notícia.

O golpe da Globo e o general Etchegoyen

O último suspiro de um governo ilegítimo

Por Cézar Britto, na revista CartaCapital:

O general João Figueiredo, no dia 18 de abril de 1984, impôs ao Brasil o Decreto nº 89.566, estabelecendo medidas de emergência visando preservar a ordem pública na área do Distrito Federal e em seu entorno goiano “ameaçados de grave perturbação”.

Designou, na forma do seu art. 3º, o general Newton Cruz como executor das medidas, em razão de ser o comandante do Comando Militar do Planalto.

E qual ameaça pairava sobre o Brasil?

Temer é responsável por um país em chamas

Brasília, 24/5/17. Foto: Mariana Cartaxo/Mídia Ninja
Por Matheus Pichonelli, no site The Intercept-Brasil:

O Brasil não é um país de metáforas, costuma dizer uma amiga. Por aqui, mar de lama são resíduos de barragem rompida, zica é questão de saúde pública e o partido da Ponte para o Futuro é o mesmo que derruba ciclovia em sua administração. Desta vez a não metáfora é uma manchete de portal: “Brasília está em chamas”.

E não só porque, um ano depois do impeachment, a capital é o cartão-postal de um país longe de ser pacificado, como garantiam os arquitetos da nova (nova?) ordem. Ou porque uma rebelião de partidos aliados promete deixar um presidente rejeitado pela opinião pública sangrando sozinho enquanto tenta, de forma patética, se defender da acusação de corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa. Ou porque um (outro) auxiliar do mandatário está preso junto com dois ex-governadores acusados de desvios nas obras do estádio Mané Garrincha, um elefante branco que recebeu mais recursos do que torcedores após a Copa do Mundo de inaceitáveis 12 sedes. Ou porque o Congresso tenta aprovar na marra as reformas igualmente rejeitadas pela população que não escolheu a agenda adotada pelo presidente que não foi eleito para o posto.

Temer cometeu crime ao acionar o Exército

Palácio do Planalto, 24/5/17.
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Do site Justificando:

Art. 15. O emprego das Forças Armadas na defesa da Pátria e na garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem, e na participação em operações de paz, é de responsabilidade do Presidente da República, que determinará ao Ministro de Estado da Defesa a ativação de órgãos operacionais, observada a seguinte forma de subordinação:

§ 2º A atuação das Forças Armadas, na garantia da lei e da ordem, por iniciativa de quaisquer dos poderes constitucionais, ocorrerá de acordo com as diretrizes baixadas em ato do Presidente da República, após esgotados os instrumentos destinados à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, relacionados no art. 144 da Constituição Federal.

Marcha a Brasília foi uma tremenda vitória

Brasília, 24/5/17. Foto: Andressa Anholete/AFP
Por Breno Altman, em seu blog:

A mídia monopolista e o governo usurpador tratam de inventar sua narrativa sobre a formidável mobilização sindical e popular que tomou conta de Brasilia desde o final da manhã.

Seu esforço é marcar o protesto como bagunça e vandalismo, em manobra para ocultar sua dimensão e propósito.

O que assistimos foram mais de 100 mil trabalhadores de todos os cantos do país marchando para a capital com o intuito de lutar, organizada e pacificamente, contra o governo Temer, as reformas da previdência e trabalhista, por diretas já.

Temer a um passo para a ditadura

Brasília, 24/5/17. Foto: Eraldo Peres/AP
Por Jeferson Miola

O Decreto do governo que determina “o emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei e da Ordem no Distrito Federal no período de 24 a 31 de maio de 2017” afronta o Estado de Direito e torna verossímil o risco de uma escalada ditatorial no país.

Temer é um presidente ilegítimo e corrupto. Ele e mais de 70% dos ministros são investigados por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa – cometidos tanto no atual mandato como antes.

Temer não possui, por isso, a menor possibilidade de continuar no cargo para o qual não foi eleito e a partir do qual, juntamente com os partidos que deram o golpe e o apoiam, promove o mais brutal ataque aos direitos do povo brasileiro, à economia nacional e à soberania do país.